Computadorizar as pessoas pode ser o próximo passo da tecnologia

É provável que o mundo em um futuro não tão distante seja altamente populado por pessoas computadorizadas como Amal Graafstra de 37 anos que não precisa de chave ou senha para entrar em seu carro, na sua casa ou em seu computador. Ele os programou para destravar com um leve aceno de suas mãos que possuem implantes de identificação de rádio frequência. Os dispositivos do tamanho de um grão de arroz funcionam tão bem que o residente de Seattle diz que ele vendeu dispositivos similares para mais de 500 consumidores através de sua companhia, Dangerous Things.

 

O próximo passo em Bay Area e além é vestir as pessoas com dispositivos eletrônicos que possam ser engolidos, implantados em seus corpos ou anexados em suas peles via “smart tattoos”, isto é, “tatuagens inteligentes” que podem revolucionar a medicina e mudar a forma como as pessoas interagem com dispositivos e uns com os outros.

 

Os críticos chamam a tendência intrusiva e até mesmo de sacrilégio. Todavia, outros dizem que esse tipo de tecnologia fará a vida melhor para todos. Alguns pesquisadores e executivos preveem um dia em que os dispositivos implantados em pessoas os fará capazes de controlar computadores, próteses e muitas outras coisas somente com seus pensamentos.

 

“Nos próximos 10 ou 20 anos veremos um rápido desenvolvimento em bioengenharia e interfaces homem-máquina,” prevê Graafstra, que escreveu um livro sobre a tecnologia, dizendo que a tendência vai “impulsionar as barreiras do que significa ser humano.”

Companhias e pesquisadores estão intensamente interessados nesse tópico.

 

Em uma inscrição de patente que se fez pública em Novembro, a Motorola Mobility do Google propôs uma “tatuagem eletrônica” para a garganta – com um microfone embutido, bateria e transmissor wireless que permitiria alguém operar outros dispositivos via comando de voz.

 

Google afirmou que normalmente buscam por patentes nos brainstorms dos funcionários e “enquanto algumas ideias amadurecem e se tornam produtos e serviços, outras não.” Mas, Larry Page o CEO do Google aparentemente está intrigado em melhorar as pessoas eletronicamente. Um livro de 2011 sobre o gigante de busca de Mountain View tem a seguinte frase de Larry: “Chegará o dia em que você terá um implante, onde se você pensar em um fato, ele simplesmente te dará a resposta.”

 

Noções similares estão em estudo por outros, incluindo os pesquisadores de UC Berkeley. Em uma pesquisa acadêmica publicada em Julho, eles propõem implantar milhares de minúsculos sensores no cérebro humano, o que eles chamam de “poeira neural”.

 

A ideia inicialmente é ter pequenos circuitos que busquem informações sobre as funções do cérebro. Mas, eventualmente, o líder da pesquisa Dongjin Seo disse, os vermes eletrônicos podem provar serem úteis para “controlar dispositivos via pensamento” ou estimular regiões do cérebro que não funcionem bem para restaurar “o controle motor de membros para pacientes paralisados.”

 

Os usos dos implantes, pílulas inteligentes e tatuagens eletrônicas são em sua maioria para fins médicos.

 

Em outubro, os médicos de Stanford implantaram um novo dispositivo em um paciente com o mal de Parkinson que reúne informações detalhadas sobre as “assinaturas digitais” desta doença. Eles esperam usar as informações para fazer um dispositivo que irá aliviar os sintomas do mal de Parkinson com impulsos elétricos que se ajustam a qualquer atividade que o paciente faça.

 

Ano passado, Proteus Digital Health da cidade de Redwood City, Califórnia, ganhou aprovação para vender pílulas que transmite informações sobre os sinais vitais de uma pessoa via smartphone para seus médicos. E oficiais da Intel em Santa Clara, Califórnia, já veem seus microchips em dispositivos ingeridos ou implantados para fins médicos ou outras finalidades.

 

Alguns temem que implantes sejam obrigatórios para seguros de vida ou empregos.

 

Após aprender sobre um vídeo de segurança de uma firma de segurança chamada Cincinnati que pediu para que seus funcionários tivessem um chip inseridos neles. O senador Joe Simitian, da Califórnia apesentou um projeto de lei que se tornou lei em 2008 que proíbe qualquer um de fazer esse tipo de exigência.

 

Dois anos mais tarde, quando a Casa dos Delegados de Virgínia fez uma medida similar, alguns dos legisladores fizeram referências bíblicas sobre o Anticristo – que denunciavam os implantes como sendo a “marca da besta.”

 

Não é claro o quão generalizada esta preocupação está. Um estudo da Intel mostra que 70 por cento de 12.000 adultos entrevistados estavam receptivos em ter suas informações de saúde coletados por vários meios, incluindo “monitores ingeridos.”

 

Todavia, o futurista da Intel Brian David Johnson acha que o público inicialmente estará mais susceptível a tatuagens inteligentes do que pílulas computadorizadas ou dispositivos inseridos neles. “algo na sua pele, é um pequeno passo” comparado a dispositivos ingeridos ou cirurgicamente implantados.

 

Uma tatuagem está sendo desenvolvida pela MC10 de Cambridge Massachussetts, iria temporariamente anexar-se a pele como um adesivo e transmitiria sem fios os sinais vitais da pessoa para um telefone ou outro dispositivo. A companhia, que tem um contrato para uma versão militar, planeja introduzir uma aos consumidores ano que vem. De acordo com Barry Ives, oficial da MC10 que elogiou seu uso para “atletas, gestantes e idosos.”

 

Em uma recente aplicação de patente, a fabricante Finlandesa Nokia propôs uma tatuagem que vibraria quando a pessoa recebesse uma ligação ou serviria como uma senha de dispositivo móvel e se anexaria a pele com “pó ferromagnético.”

 

Outros acreditam que o dispositivo seria implantado debaixo da pele.

 

Microchips de Lexington, Massachusetts, recentemente reportou sucesso no teste com um microchip implantado um pouco acima da cintura que automaticamente providenciava doses diárias de remédio para pacientes com osteoporose. O Second Sight Medical Producst aprovou um implante ocular que permite com que pessoas com deficiência visual possam ver formas e movimentos transmitidos para um implante a partir de uma câmera em seus óculos. Os cientistas da Universidade da Califórnia estão estudando chips implantados com o propósito de restaurar a memória em pessoas com demência, derrame cerebral ou outros danos cerebrais.

 

Entre as questões críticas a serem resolvidas estão: O como manter dispositivos implantados atualizados com a versão mais recente do software, manter a bateria e protege-los de hackers. Mas, Eric Dishman que lidera a equipe de inovação na área de saúde da Intel, prevê que os dispositivos – particularmente esses que proporcionam benefícios a saúde -se tornaram comum um dia.

“Haverá um ecossistema de coisas dentro e sobre o corpo,” ele prevê, adicionando, “Isso vai ser o último passo em medicina personalizada.”

 

Leave a comment